Destino em um ônibus
No dia 30 de outubro de 1991, eu a conheci.
Foi por acaso.
Raramente pegava aquele ônibus tão cedo, às 7h da manhã. O acaso também a surpreendeu, pois aquele não era o ônibus de sua rotina.
Nossos olhares se cruzaram de forma inevitável, e o flerte foi imediato, sem tréguas.
Ela estava em pé no ônibus, parcialmente cheio, segurando livros e cadernos.
Eu, sentado, sem querer perder a oportunidade, ofereci:
– Posso segurar seus livros e cadernos?
Ela sorriu e assentiu.
Algumas paradas depois, um lugar ao meu lado ficou vago. Ela se sentou e, sem perder tempo, puxei conversa.
A cada palavra, o flerte se intensificava.
Trocamos telefones e, ao descer, coincidência ou destino, paramos juntos no mesmo ponto, em frente aos Correios, no centro do Recife.
Naquela mesma tarde, ansioso, liguei para ela.
Conversamos por mais de 40 minutos e, ao final da chamada, já tínhamos um encontro marcado para aquela noite.
Esperei por ela na porta do cursinho pré-vestibular onde estudava, antigo Colégio Especial, levando um botão de flor vermelha e uma caixa de chocolates Garoto, na icônica embalagem amarela.
Quando o sinal tocou, ela entrou para assistir às aulas, e eu permaneci ali, aguardando, para depois acompanhá-la até o ponto de ônibus e me despedir.
No dia seguinte, já apaixonados, iniciamos um namoro que, até hoje, nunca teve fim.
Recife (PE), 06 de fevereiro de 2025.
Autor: Memorias