Você aguenta ser feliz? Ansiedade, trabalho e o equilíbrio na vida profissional

Há cerca de um ano, li o livro Você aguenta ser feliz?, escrito por Nizan Guanaes e pelo psiquiatra Arthur Guerra.

A leitura me foi sugerida pelo Instagram por minha querida amiga Adriana Stamato. Trata-se de um livro de autoajuda e bem-estar, com um enfoque especial em saúde mental, qualidade de vida e desenvolvimento pessoal.

Combinando ciência e experiência prática, o livro oferece insights valiosos sobre como equilibrar a vida física e a emocional para alcançar uma felicidade sustentável. Na época em que fiz essa leitura, eu havia acabado de ser diagnosticado com TAG (Transtorno de Ansiedade Generalizada).

O diagnóstico médico confirmou algo de que eu já suspeitava: uma ansiedade crônica.
Esse diagnóstico não surgiu do nada. Eu vinha sofrendo com sintomas como tonturas frequentes e uma constante aceleração mental. Atividades que exigiam exposição prolongada às telas, como aulas on-line, reuniões virtuais e o uso do WhatsApp tornaram-se difíceis para mim.

Bastava pouco tempo nessas tarefas para que a tontura se manifestasse intensamente.

Interessante notar que, apesar disso, quando eu sentia tontura, logo colocava meus short e tênis e saía para correr no calçadão da praia de Boa Viagem, no Recife – atividade que já praticava regularmente antes desse período.

Após a corrida, eu retornava renovado e revigorado, sentindo-me plenamente recuperado.

No entanto, no dia seguinte, a rotina extenuante retornava. Trabalho intenso, reuniões e interações contínuas com telas traziam novamente o estresse e a tontura.

Correr tornou-se quase um remédio, uma forma de “analgésico natural” contra os sintomas, alternando entre o calçadão e a areia firme da praia, principalmente quando a maré estava baixa. Intensifiquei ainda mais essa prática, percebendo claramente seus benefícios na minha saúde – física e mental.

Como os sintomas persistiam, procurei o meu médico, Dr. Mário Luiz Barbosa, um grande amigo e médico que cuida de mim há mais de vinte anos. Realizamos alguns exames e tentativas de tratamento com medicamentos, mas os sintomas não desapareciam.

Certo dia, questionei: “Mário, será que tenho labirintite?” Ao que ele respondeu:

“Marcelo, talvez você tenha labirintite. Vamos tentar tratar e observar”. Com o tempo, percebi que sempre que os sintomas surgiam, eu estava diante de uma tela, trabalhando ou me comunicando com clientes.

Chegava sexta-feira à noite e, após uma boa corrida na praia de Boa Viagem, costumava abrir uma garrafa de vinho e assistir a séries com minha esposa, momentos em que eu não sentia nada além de prazer.

Porém, no dia seguinte, ao retomar atividades profissionais com exposição às telas, os sintomas retornavam com força.

O Dr. Mário, um dos melhores clínicos gerais de São Paulo, encaminhou-me a um otorrinolaringologista. Após a realização de mais exames, a hipótese de labirintite foi descartada. Posteriormente, consultei também um neurologista, que, após exames minuciosos, não encontrou nenhum problema neurológico.

Todos esses especialistas atuam no Hospital Sírio-Libanês e conversam entre si, coordenados pelo Dr. Mário. Após várias avaliações conjuntas, o diagnóstico foi claro: “Marcelo não tem nada grave.

Ele apresenta Transtorno de Ansiedade Generalizada e trabalha demais. Precisa desacelerar”.

Foi então que fui encaminhado ao psiquiatra Dr. Luiz Milan, um profissional que descobri ser também um músico talentoso – raro equilíbrio entre medicina e arte. Após três consultas, ele confirmou o diagnóstico de TAG e alertou para sinais iniciais de um possível quadro de pânico.

Seu conselho foi preciso: sono de qualidade, atividade física regular, boa alimentação e tratamento medicamentoso com dez gotas de Lexapro por, pelo menos, seis meses.

Mesmo um pouco contrariado com a ideia de tomar mais um medicamento, iniciei o tratamento. No meio desse processo, recebi a sugestão do livro pela Adriana, cuja leitura reforçou ainda mais minha motivação.

Aumentei o ritmo das minhas corridas e tracei novos objetivos, inclusive participando de corridas oficiais de rua.
Hoje, percebo claramente a importância de cuidar do corpo e da mente com igual dedicação.

O livro Você aguenta ser feliz? não apenas reforçou os aprendizados médicos, mas também me fez compreender que a felicidade é possível quando equilibramos saúde mental, saúde física e realização profissional.

Mais do que nunca, acredito que desacelerar não significa parar, mas sim reencontrar um ritmo sustentável, saudável e profundamente realizador.

Marcelo Magalhães Peixoto
Recife, 15 de março de 2025



Autor: Memorias